Oláá, pessoal!
No terceiro dia de
lançamentos literários desse mês, a Editora Companhia das Letras mostrará suas
obras.
“O poder ultrajovem - E mais 79 textos em prosa e verso” de
Carlos Drummond de Andrade
“O poder ultrajovem
reúne textos publicados por Carlos Drummond de Andrade na imprensa entre o
final da década de 1960 e o início da década de 1970. Trata-se de um poderoso
conjunto de prosa e verso - sempre pendendo para os domínios da crônica, gênero
que o grande escritor mineiro praticou como poucos -, em que o olhar maduro e
algo desencantado (mas com muita ironia) do autor se debruça sobre os mais
diversos aspectos da vida e da sociedade daquela época. Temas como a amizade, a
história do Brasil, a vida no Rio de Janeiro, as artes, o Carnaval, o futebol e
até mesmo a ecologia aparecem no estilo leve e sempre afiado de Drummond. As
crianças e os jovens ocupam um espaço à parte no livro, pois são agudos os apontamentos
a respeito das transformações pelas quais meninos e meninas atravessavam
naqueles tempos conturbados em que conviviam, ao menos no Brasil, os hippies e
um regime antidemocrático instaurado em 1964 (tendo ficado ainda mais duro e
violento justamente na passagem para os anos 1970), a pobreza e a exuberância
econômica e cultural da Zona Sul do Rio de Janeiro. Também do ponto de vista da
língua portuguesa, os textos de O poder ultrajovem demonstram a riqueza de
vozes e estilos captados por Drummond. A gíria e a língua camoniana convivem
lado a lado nos textos, a expressão mais solta e viva da fala carioca conversa
em pé de igualdade com a dicção mais culta. Prova de que o poeta mineiro tinha
ouvido apurado para entender a vida. Com posfácio do crítico Alcir Pécora, esta
nova edição de um dos mais cativantes livros de Drummond é um brinde à
vivacidade e à inteligência sutil de um dos nossos mais estimados escritores.”
“Sempre em movimento - Uma vida” de Oliver Sacks
“Quando Oliver Sacks
tinha doze anos, um professor bastante sagaz escreveu num relatório: “Sacks vai
longe, se não for longe demais”. Hoje está absolutamente claro que Sacks jamais
parou de ir. Desde as primeiras páginas deste comovente livro de memórias, em
que relata sua paixão de juventude pelas motos e pela velocidade, Sempre em
movimento parece estar carregado dessa energia. Conforme fala de sua
experiência como jovem neurologista no início dos anos 1960 - primeiro na
Califórnia, onde lutou contra o vício em drogas, e depois em Nova York, onde
começa a despontar como pesquisador -, vemos como sua relação com os pacientes
veio a definir sua vida. A ideia de estar sempre em movimento alimentou não
apenas suas pesquisas, mas também sua vida. Quando revelou à família que era
homossexual, ouviu de volta da mãe que ele era “uma abominação”. A mãe foi
eventualmente perdoada, mas a sentença o fez abandonar a Inglaterra e o colocou
na estrada. Nessas viagens, cruzando de ponta a ponta um país tão familiar
quanto estrangeiro, surge o médico que viemos a conhecer: apaixonado, obstinado
e perpetuamente curioso com o mundo. Com a honestidade e o humor que lhe são
característicos, Sacks nos mostra como a mesma energia que motiva suas paixões
“físicas” - levantamento de peso e natação - alimenta suas paixões cerebrais.
Ele escreve a respeito de seus casos de amor, tanto os românticos quanto os
intelectuais, sobre a culpa de abandonar a família para ir aos Estados Unidos,
sua ligação com o irmão esquizofrênico e os escritores e cientistas que o
influenciaram - Thom Gunn, A. R. Lúria, W. H. Auden, Gerald M. Edelman, Francis
Crick. Sempre em movimento é a história de um pensador brilhante e nada
convencional, o homem que iluminou as muitas formas com que o cérebro nos faz
humanos.”
“Seis meses em 1945 - Roosevelt, Stálin, Churchill e Truman
- Da Segunda Guerra à Guerra Fria” de Michael Dobbs
“Poucos pontos de
inflexão na história apresentam tantos aspectos dramáticos como os meses entre
fevereiro e agosto de 1945, o período entre a Conferência de Yalta e o
bombardeio de Hiroshima. Os Estados Unidos e a União Soviética se tornaram as
duas nações mais poderosas do mundo; a Alemanha nazista e o Japão imperial
foram derrotados; o Império britânico estava à beira de um colapso econômico.
Um presidente morreu; um ditador doentio que quase conquistou o mundo
suicidou-se; um primeiro-ministro que havia inspirado seu povo durante os dias
mais sombrios de sua história foi derrotado em eleições livres. Golpes de
Estado e revoluções tornaram-se corriqueiros; milhões de pessoas foram
enterradas em valas comuns; antigas cidades reduziram-se a pilhas de escombros.
Um tsar vermelho redesenhou o mapa da Europa, erguendo uma “cortina de ferro”
metafórica entre Oriente e Ocidente. Reunidos na capital do derrotado Terceiro
Reich, os vencedores disputavam os despojos da vitória. De maneira inexorável,
o fim da Segunda Guerra Mundial conduziu ao início da Guerra Fria. Os meses que
separam Yalta de Hiroshima são um ponto de articulação entre duas guerras muito
diferentes - e também dois mundos muito diversos. Eles unem a era da artilharia
à da bomba atômica, os estertores do império às dores do parto das
superpotências. Celebram também o encontro inevitavelmente fatal, no coração da
Europa, entre os exércitos de duas grandes nações oficialmente aliadas porém
guiadas por ideologias opostas. Mais de um século antes, Alexis de Tocqueville
havia previsto que americanos e russos deixariam as outras nações para trás.
“Seus pontos de partida são diferentes, assim como seus percursos não são os
mesmos; contudo, cada um deles parece destinado pela vontade dos céus a conduzir
o destino de metade do globo.” Essa é a história das pessoas - presidentes e
comissários, generais e soldados rasos, vencedores e derrotados - que deram
origem à corrida de gigantes que redefiniria os rumos do mundo.”
“Gêmeos – Memórias” de Allen Shawn
“Quando Allen e sua
irmã gêmea, Mary, tinham dois anos, os Shawn começaram a perceber sinais de que
havia algo errado com a filha do casal. Aos oito anos, ela foi enviada para
passar o verão em uma escola especial. O que era para ser uma ausência
temporária acabou se transformando em uma internação permanente sem mais
explicações, e Mary nunca voltou a viver no seio familiar. Posteriormente, sua
condição seria diagnosticada como autismo acrescido de deficiência intelectual.
Décadas mais tarde, ao investigar as origens de sua agorafobia em seu primeiro
livro de memórias, Bem que eu queria ir, o compositor Allen Shawn compreendeu
que sua angústia estava inextricavelmente ligada à história de sua família.
Nesse relato, ele refaz o percurso de sua relação com Mary, desde o berço
partilhado nos primeiros meses de vida até a separação abrupta e radical, a fim
de entender o papel que a condição de gêmeo e a perda traumatizante da irmã
representaram em sua existência e em sua forma de perceber o mundo. Allen
perscruta os segredos e a intimidade de seus progenitores - o pai, William
Shawn, era o lendário editor da revista The New Yorker e manteve durante
décadas, e com anuência da esposa, um caso extraconjugal com a jornalista
Lilian Ross - e analisa que impacto tiveram na dinâmica familiar. Revisita
autores e textos clássicos sobre o autismo, expõe de maneira clara as diversas
formas de tratamento e ainda apresenta a compreensão sobre a doença na década
de 1950, quando Mary foi internada, e hoje. Franco, emocionante, vívido e
delicado, o relato de Shawn vai além daquilo a que se propõe: ao término dessa
jornada em busca de um afeto perdido, o leitor partilha com o autor a dor de
uma perda tão importante, mas também uma “certa ideia expandida do espectro
humano”.”
“Só por hoje e para sempre - Diário do recomeço” de Renato
Russo
“Perdi vinte em vinte
e nove amizades/ por conta de uma pedra em minhas mãos”, rezam os versos
iniciais do álbum O descobrimento do Brasil, lançado pela Legião Urbana em
novembro de 1993. Menos de seis meses antes, em abril do mesmo ano, Renato
Russo dava entrada na clínica de reabilitação Vila Serena, no Rio de Janeiro,
não só para se desvencilhar do álcool e das drogas, como também para mergulhar numa
reflexão profunda sobre sua vida. Os vinte e nove dias que o músico passou ali
internado o marcariam profundamente, tanto em sua trajetória pessoal quanto em
sua produção artística, conforme revelam as várias letras subsequentes que, a
exemplo de “Vinte e nove”, se referem a essa experiência radical de reclusão. “Passei
vinte e nove meses num navio/ e vinte e nove dias na prisão”, segue a canção,
“e aos vinte e nove, com o retorno de Saturno,/ decidi começar a viver.”
Perfeccionista e exigente em todas as etapas de seu processo criativo, da
composição à execução diante do público, o homem que estava à frente da Legião
Urbana - uma das bandas de maior sucesso na história da música brasileira -
encarou com a mesma obstinação o Programa dos Doze Passos oferecido pela
clínica, seguindo à risca os exercícios terapêuticos de escrita propostos. É
esse material inédito que vem à tona depois de mais de vinte anos em Só por
hoje e para sempre, atendendo ao desejo do autor de ter sua obra publicada
postumamente. Entremeando as memórias de Renato com passagens de autoanálise e
um olhar esperançoso para o futuro, esse relato oferece a seus fãs, além de
valioso documento histórico, um contato íntimo com o artista e um exemplo
decisivo de superação. “E vinte e nove anjos me saudaram/ E tive vinte e nove
amigos outra vez.”Passados mais de vinte anos, vem à tona relato inédito dos
dias que o líder da Legião Urbana passou numa clínica de reabilitação para
combater a dependência química e reencontrar o equilíbrio.”
“Um holograma para o rei” de Dave Eggers
“Em uma próspera
cidade da Arábia Saudita, longe da complicada realidade da recessão que assola
os Estados Unidos, um empresário em apuros financeiros realiza uma última e desesperada
tentativa de evitar a falência completa, pagar a caríssima faculdade da filha
e, talvez, fazer algo de bom e surpreendente com sua vida. Em Um holograma para
o rei, Dave Eggers nos conduz por uma viagem pelo outro lado do mundo e pela
comovente e por vezes cômica jornada de um homem para manter a família unida e
a vida nos eixos diante da crise que devasta todos como uma tempestade. Nesse deserto
insólito, ele irá se deparar com uma estranha e fascinante galeria de
personagens, gente vinda do mundo inteiro para cumprir todo tipo de ambição,
como se convergissem para lá os pontos de uma realidade que parece se
esfacelar. É nesse espelho quebrado de nacionalidades e aspirações que o
protagonista tentará juntar os cacos de sua própria vida e recriar sua
existência. Não por acaso a prestigiosa crítica Michiko Kakutani chamou o
romance de “A morte de um caixeiro-viajante globalizado”: a ideia de um povo
construindo a imagem de um país, central ao grande romance americano, é
invertida aqui pela noção de que este país está agora sendo reconstruído de
fora. O protagonista que busca um contrato no deserto saudita para vencer os
chineses é um símbolo poderoso dessa mudança, e ninguém mais hábil do que
Eggers, um dos grandes prosadores contem-porâneos, para esmiuçar literariamente
as ondas de choque que vêm transformando o mundo num ritmo tão vertiginoso. Num
romance carregado de tensão, Eggers realiza uma poderosa elegia aos tempos
modernos, uma história não apenas sobre tempos atuais, mas um retrato tocante e
sensível de como chegamos até aqui.”
“O diário de Guantánamo” de Mohamedou Ould Slahi
“Desde 2002, Mohamedou
Slahi está preso no campo de detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba. No
entanto, os Estados Unidos nunca o acusaram formalmente de um crime. Um juiz
federal ordenou sua libertação em março de 2010, mas o governo americano
resistiu à decisão e não há perspectiva de libertá-lo. Três anos depois de sua
prisão, Slahi deu início a um diário em que conta sua vida antes de desaparecer
sob a custódia americana, o processo interminável de interrogatório e seu
cotidiano como prisioneiro em Guantánamo. Seu diário não é apenas um registro
vívido de um erro da Justiça, mas um livro de memórias denso, multifacetado,
aterrorizante, sombrio e autoirônico.”
Alguma obra chamou a sua atenção? Bjsss!
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